sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

A morte que gera vida




Deus tem ministrado muito em nossos corações nestes últimos dias sobre voltar a viver um cristianismo autêntico, um cristianismo puro e simples, o cristianismo que fora ensinado por Jesus e seus discípulos e que era vivido e praticado no livro de Atos. Temos assistido algumas ministrações e escutado inúmeras canções que tem nos levado a ver quanto o cristianismo atual tem se distanciado do Evangelho pregado por Jesus.

A Bíblia nos mostra em Mateus 4.17 que quando Jesus começou o seu ministério aqui na terra, Ele começou a pregar e a ensinar dizendo “Arrependam-se”. Arrependimento vem da palavra grega “metanoia” que significa “mudança ou transformação de mente”. Desta forma, o verdadeiro arrependimento gera vida, pois ele traz a morte da pessoa para as coisas deste mundo e o seu nascimento para as coisas de Deus. Então quando Jesus começou a ensinar e a pregar dizendo “arrependam-se”, Jesus estava querendo ensinar que se nós quiséssemos realmente viver, era preciso morrer. Quando Jesus ensinava aos seus discípulos em Marcos 8.31, ele ensinava que era necessário que o Filho do Homem sofresse muito e que fosse rejeitado por outros e morto, mas depois ressuscitasse.

Mas então que morte é essa? Que morte é essa que Jesus ensinava aos seus e também e à igreja de hoje? O que Jesus estava querendo dizer quando disse que era preciso morrer? Essa morte refere-se à negação total da nossa vontade em detrimento da vontade de Deus. Essa morte significa a entrega total do controle de nossas vidas para Deus. Todas as vezes que negamos a nossa vontade e fazemos a vontade de Deus, nós estamos morrendo. Todas as vezes que dizemos “não” ao nosso “eu”, ao nosso “ego”, e dizemos “sim” a vontade de Deus, estamos morrendo. Todas as vezes que deixamos de pecar por amor a Deus, estamos morrendo. E sempre que colocamos as coisas do Reino de Deus como primícias em nossas vidas, nós estamos morrendo. Isto é um princípio. O princípio da abnegação, do negar-se a si mesmo. João Batista testemunhou acerca de Jesus ser o Cristo que haveria de vir e quando perguntado se Jesus era maior do que ele, ele disse: “É importante que ele cresça e eu diminua.” João 3.30.

E por que é necessário morrer? No trecho de 2 Coríntios 4.10-12, o apóstolo Paulo ensina à igreja que estava em Corinto que, para que outros possam viver, é necessário que nós morramos. É necessário que aqueles que estão vivos em Cristo Jesus morram. Isso significa dizer que nós devemos carregar a morte de Jesus em nossos corpos de forma que a vida de Jesus também se revele em nossas vidas. Assim, ao sermos entregues à morte por amor a Jesus, a vida de Jesus também possa ser manifestada em nossas vidas e em outros. No livro de Filipenses capítulo 1 versos 21 e 29, Paulo nos exorta que o nosso viver deve ser Cristo e o morrer lucro e que a nós Cristãos, não foi concedido apenas crer que Jesus é o Filho de Deus, como também sofrer por Ele e por sua causa. Esse era o ensino de Paulo.

Mas então se a ordem é essa, se a ordem é morrer, se Jesus ensinava que para viver era preciso morrer, se a Bíblia diz que para que a vida de Jesus possa ser ministrada a outras pessoas é necessário que nós – os que estamos vivos em Cristo – morramos, então por que nós não morremos? Por que aqueles que não têm um relacionamento com Deus, não procuram mais relacionar-se com Deus? Por que nós, a igreja, aquela que detém a verdade acerca da salvação através de Cristo, e que deveria carregar a mensagem da morte, não carrega? Por que nós, os Cristãos, não somos mais afligidos por amor a Cristo, o nosso Mestre? Porque algo deve estar muito errado. Algo deve estar fazendo com que as pessoas não procurem mais saber de Deus. Algo deve estar fazendo com que a igreja troque o Evangelho de Cristo por outros evangelhos. Talvez isso se dê pelo fato de nós estarmos vivendo e sendo influenciados por um mundo cada vez mais materialista. Por um mundo que valoriza muito mais o ter do que o ser. Você vale muito mais hoje pelo que Você tem do que pelo que Você é. Você vale mais se sua conta bancária for “gorda” do que se seu caráter tiver traços do caráter de Cristo, ou do que se a sua vida refletir o amor de Deus. E isso está fazendo com que os homens e a igreja vivam muito mais preocupados em viver essa vida e o que esta vida tem para oferecer do que viver a vida de Deus e aquilo que a vida de Deus tem para nos dar. Em 2 Coríntios 4.17,18 a Bíblia nos mostra que a vida cristã não visa esta vida, mas sim a eternidade. Porque o final desta vida é a morte, mas as coisas de Deus são eternas e elas nos oferecem aquilo que eternidade tem pra nos oferecer: uma vida toda com Deus.

Mas e a prosperidade onde fica? E as bênçãos que são ditas na Bíblia onde ficam? Não é a Bíblia que afirma que o nosso Deus, é o Deus do ouro e da prata (Ageu 2.8), que nós comeremos o melhor desta terra (Isaías 1.19), que Deus abrirá as comportas do céu e fará cair sobre nós bênçãos sem medida (Malaquias 3.10)? Entretanto, a prosperidade está no mesmo lugar onde ela sempre esteve desde os ensinamentos de Jesus: como as coisas que nos serão acrescentadas (Mateus 6.33). Todas as bênçãos e prosperidades bíblicas sempre são condicionadas a primeiramente obedecer e ter uma vida de comunhão com Deus. Devemos entender algo: Deus não colocará nada em nossas mãos, se não for para ser usada em promover a expansão do Reino de Deus nesta terra. Deus não nos dará nada se não for primeiramente para ser usada em prol do Reino.

Os cristãos de hoje têm que ter o mesmo sentimento que os missionários Moravianos tinham: clamor por Deus e pelos perdidos. Os Moravianos foram levantados no século XVIII e foram os primeiros Protestantes a colocarem em prática a idéia de que a evangelização dos perdidos é dever de toda a igreja, e não somente de uma sociedade ou de alguns indivíduos. Anteriormente, a responsabilidade pela evangelização havia sido lançada nos degraus dos governos, através das atividades colonizadoras deles. Os Moravianos, contudo, criam que as missões são responsabilidade de toda a igreja local.

Devido aos Moravianos terem sido pessoas sofredoras, podiam facilmente se identificar com aqueles que sofriam. Eles iam àqueles que eram rejeitados por outros. Dificilmente qualquer missionário seria mandado para a costa leste de Honduras ou Nicarágua. Essas partes da América Central eram inóspitas. Lá, contudo, estavam os Moravianos. Isso era característico da vocação missionária deles.

Durante esse período dois jovens Moravianos, de 20 anos ouviram sobre uma ilha no Leste da Índia cujo dono era um Britânico agricultor e ateu. Este tinha tomado das florestas da África mais de 2000 pessoas e feito delas seus escravos e essas pessoas iriam viver e morrer sem nunca ouvirem falar de Cristo. Esses jovens fizeram contato com o dono da ilha e perguntaram se poderiam ir para lá como missionários, a resposta do dono foi imediata: “Nenhum pregador e nenhum clérigo chegaria a essa ilha para falar sobre essa coisa sem sentido". Então eles voltaram a orar e fizeram uma nova proposta: "E se fossemos a sua ilha como seus escravos para sempre?", o homem disse que aceitaria, mas não pagaria nem mesmo o transporte deles. Então os jovens usaram o valor de sua própria venda pelo custo de sua viagem. No dia que estavam no porto se despedindo do grupo de oração e de suas famílias o choro de todos era intenso, pois sabiam que nunca mais veriam aqueles irmãos tão queridos, quando o navio tomou certa distância eles dois se abraçaram e gritaram suas últimas palavras que foram ouvidas: "QUE O CORDEIRO QUE FOI IMOLADO RECEBA A RECOMPENSA DO SEU SOFRIMENTO".

Na carta aos Romanos 8.18,19, Paulo diz ensina que os sofrimentos deste tempo presente não têm proporção com a glória que deve ser revelada em nós, pois a criação espera com impaciência a revelação dos filhos de Deus.

Se não fosse a morte do Cordeiro na cruz do Calvário, se não fosse a morte dos apóstolos e discípulos de Jesus, que entregaram as suas vidas por amor a Cristo e permitiram ser afligidos também por amor a Cristo, se não fosse a morte de todos aqueles que vieram antes de nós e que vida como se não fossem deles, não seríamos conhecedores do Evangelho. Que nós, cristãos de hoje, possamos falar como Paulo falou em Gálatas 2.20: “Não sou eu mais que vivo, mas Cristo que vive em mim.”

Que Deus nos abençoe.

Guilherme Soares

Referências Bíblias

Mateus 4.17: Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo

Marcos 8.31: Então ele começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas e fosse rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, fosse morto e três dias depois ressuscitasse.

2 Coríntios 4.10-12: 10 Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo. 11 Pois nós, que estamos vivos, somos sempre entregues à morte por amor a Jesus, para que a sua vida também se manifeste em nosso corpo mortal. 12 De modo que em nós atua a morte; mas em vocês, a vida.

Filipenses 1.21: Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro.

Filipenses 1.29: Pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele.

2 Coríntios 4.17,18: 17 pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. 18 Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.

Ageu 2.8: “Tanto a prata quanto o ouro me pertencem”, declara o Senhor dos Exércitos.

Isaías 1.19: Se vocês estiverem dispostos a obedecer, comerão os melhores frutos desta terra.

Malaquias 3.10: “Tragam o dizimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova, diz Senhor dos Exércitos, e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las.”

Mateus 6.33“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.”

Romanos 8.18,19: 18 Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. 19 A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados.

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