segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A Igreja Perfeita



A Igreja Perfeita
Atos 2.42-47
“Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos”
“A igreja não é perfeita, nunca o foi. Algumas pessoas usam este fato como desculpa para manterem-se afastados da igreja, dizendo: ‘Eu gostaria de frequentar uma igreja, mas há muitos hipócritas ali’. Nesse caso, eu penso: Venha, temos lugar para mais um”. (John MacArthur Jr.)
“Procurar perfeição dentro da igreja é o mesmo que entrar em um hospital e dizer: -‘Não admito ninguém doente aqui!’” (Pr. Lucinho Barreto)
Durante esses anos de caminhada ao lado de Cristo, cooperando na expansão do Reino de Deus, e ensinando e consolidando algumas vidas no caminho do Senhor, tenho ouvido pessoas dizerem que “não existe Igreja perfeita por que elas são feitas por homens imperfeitos”. Apesar de eu concordar com as duas frases acima de que as Igrejas são formadas por homens imperfeitos, e que estes falham e de repente podem fazer você se frustrar, se decepcionar, ou até mesmo abandonar a Igreja que frequenta – e de no passado eu também usar o mesmo discurso para encobrir as falhas encontradas dentro das Igrejas – o Espírito Santo tem mudado a minha forma de pensar e viver a Igreja. Apesar de eu concordar que as pessoas são falhas na sua individualidade, eu acredito que um grupo de pessoas pode ser perfeito. Na empresa em que eu trabalho, eu costumo ouvir que “as pessoas não são perfeitas, mas um grupo pode ser perfeito”. Isso quer dizer que quando formamos um grupo, nós podemos alavancar o que há de melhor em cada indivíduo de forma que o grupo formado por esses indivíduos alcance a perfeição. Se no mundo empresarial isso pode ser uma verdade, imagina dentro da Igreja? Imagina quando falamos de pessoas guiadas e ungidas pelo Espírito Santo de Deus, obedientes a voz do Senhor e que a cada dia buscam os frutos e dons do Espírito e a crescer na graça e no conhecimento de Cristo até alcançarem a estatura do varão perfeito? Imagina isso com pessoas que estão sendo aperfeiçoadas, dia após dia, pela ação poderosa de Deus até o dia de Cristo Jesus? Definitivamente, esse grupo de pessoas pode ser perfeito. E é exatamente isso que a Igreja primitiva nos ensina em Atos capítulo 2 versículos 42 em diante.
Nesses versículos nós vemos uma Igreja formada por homens e mulheres comuns, que começaram a viver as suas vidas de forma diferente a partir do chamado de Jesus, e que confiaram na promessa daquele que os chamou. O relato bíblico dessa Igreja nos descreve uma comunidade que possuía um ambiente bem próximo ao da perfeição, mesmo vivendo debaixo de muita perseguição. E foi exatamente a perseguição que fez com que a igreja primitiva desenvolvesse uma das suas principais características: a perseverança. No versículo 42 temos:
 “...perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”
Perseverar é continuar vencendo obstáculos, resistindo nas tribulações. Isso quer dizer que na igreja primitiva – e na igreja perfeita – existiam e existem dificuldades (talvez você possa ter pensado agora: “é mesmo? Puxa, eu pensei que não existissem problemas na igreja perfeita”). Mas o fato de existirem tribulações e problemas na igreja primitiva não quer dizer que eles viviam em constantes atritos até o ponto de abandonarem a igreja por causa dessas tribulações. E a Bíblia nos mostra de que forma eles conseguiam fazer isso.
1.      Perseverança na doutrina dos apóstolos
A perseverança na doutrina dos apóstolos é constituída pela ação do ensino da Palavra por parte dos presbitérios e pela prática da Palavra pelos irmãos que recebem esta Palavra.
a)      Ensino da Palavra
Paulo disse que a igreja de Deus é coluna e baluarte da verdade (1 Timóteo 3.15). Ou seja, a igreja é aquela que conhece a verdade a respeito de Deus e se esforça em sustentar e guardar essa verdade. É o local seguro aonde os cristãos devem estar para receber dessa verdade e se manter nela.
Os presbíteros (pastores, bispos) são responsáveis pela alimentação espiritual do rebanho. Em 1 Pedro 5.1-3, temos:
“Portanto, apelo para os presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória a ser revelada: Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho”
Atos 20.28:
“Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue”
Efésios 4.11,12:
“Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado”
Tito 1.9:
“Apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela”
Os pregadores são obrigados a pregar somente a verdade:
“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1 Timóteo 4.16)
Mas por que perseverar no ensino da Palavra?
Infelizmente nos dias de hoje o que mais temos visto acontecer são “igrejas” que trocam o ensino do verdadeiro evangelho de Cristo – o evangelho da salvação, comunhão, da negação do “eu”, da santificação – por outro “evangelho”, mais fácil de ser seguido e de mais fácil aceitação por uma sociedade que está ao mesmo tempo necessitada e apavorada. O que mais temos visto hoje são cristãos que em vez de buscar os pés da cruz, buscam os pés do “apóstolo”, “bispo”, ou do “pastor”, atrás de uma única cura milagrosa ou de uma vida financeira mais abastada. Esse tal “evangelho”, e um de seus ícones é a teologia da prosperidade, traz sérias consequências à vida do Cristão que, ao invés de buscar um relacionamento mais sincero com Deus, desejando conhecer e agradar ao coração do Senhor, se achega a Ele apenas para conseguir aquilo que seus desejos humanos e egoístas buscam.
Além disso, o ensino da Palavra dá a igreja uma bagagem bíblica que faz com que os irmãos cresçam no conhecimento da Palavra a fim de não cair nas armadilhas dos falsos mestres. Na sua primeira epístola, o apóstolo João, admoesta aos irmãos das igrejas na Ásia Menor a respeito de falsos mestres. No capítulo 4, versículo 1 está escrito:
“Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo” (1 João 4.1)
Em sua carta às sete igrejas, Jesus elogia os efésios por sua preocupação em rejeitar falsos mestres, e critica a igreja em Pérgamo por sua tolerância aos mesmos:
“Ao anjo da igreja em Éfeso escreva: Estas são as palavras daquele que tem as sete estrelas em sua mão direita e anda entre os sete candelabros de ouro. Conheço as suas obras, o seu trabalho árduo e a sua perseverança. Sei que você não pode tolerar homens maus, que pôs à prova os que dizem ser apóstolos, mas não são, e descobriu que eles eram impostores” (Apocalipse 2.1,2)
“Mas há uma coisa a seu favor: você odeia as práticas dos nicolaítas, como eu também as odeio” (Apocalipse 2.6)
“No entanto, tenho contra você algumas coisas: você tem aí pessoas que se apegam aos ensinos de Balaão, que ensinou Balaque a armar ciladas contra os israelitas, induzindo-os a comer alimentos sacrificados a ídolos e a praticar imoralidade sexual. De igual modo você tem também os que se apegam aos ensinos dos nicolaítas. Portanto, arrependa-se! Se não, virei em breve até você e lutarei contra eles com a espada da minha boca” (Apocalipse 2.14-16)
Outro dia estava conversando com um irmão na fé que se mostrou assustado com o número exacerbado de líderes religiosos que temos hoje no Brasil e que buscam para si apenas a ganância dentro daquilo que chamamos de “movimento evangélico”, não demonstrando nenhuma responsabilidade com o ensino da Palavra. Nos textos do Apocalipse que lemos acima, vemos uma diferença crucial entre as duas igrejas: uma odiava a prática do nicolaítas (Éfeso) enquanto a outra possuía irmãos que se apegavam a tais práticas (Pérgamo). O nome nicolaíta vem do grego nico que significa "conquistar" e laíta que significa "leigo" (ou "povo"), logo nicolaíta é aquele que “conquista o leigo ou povo”. Apesar dos textos bíblicos não deixarem muito claro acerca das práticas nicolaítas (se eram ensinos errados acerca do casamento, imoralidade sexual, idolatria ou poder através de riquezas), o ponto é que eles conquistavam os irmãos da igreja de Pérgamo exatamente por que estes não tinham conhecimento da Palavra. O profeta Oséias declarou “meu povo é destruído por falta de conhecimento” (Oséias 4.6). É triste vermos que temos atualmente na igreja brasileira, muitos desses falsos pastores que estão “tocando o terror” em suas reuniões, tirando das ovelhas de Cristo tudo que elas têm com o objetivo de financiar seus sonhos pessoais.
Falsos pastores, falsas ovelhas
Mas apesar de existirem líderes religiosos que exercem de sua autoridade para “conquistar o leigo” através do medo, sentimento de culpa ou ganância, o Espírito Santo me fez lembrar também que, se existem falsos pastores, é por que existem falsas ovelhas. E não raramente esses falsos pastores são levantados pelas próprias falsas ovelhas que um dia caíram da verdadeira fé. O apóstolo Paulo ensina a seu filho na fé Timóteo acerca desses falsos pastores:
“O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios. Tais ensinamentos vêm de homens hipócritas e mentirosos, que têm a consciência cauterizada” (1 Timóteo 4.1,2)
Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. (2 Timóteo 4.2-4)
b)     Prática da Palavra
O ensino da Palavra é o fundamento que o Cristão tem para toda a sua caminhada com Cristo ao passo que a prática da Palavra vai edificar sobre o fundamento todas as construções necessárias para serem usadas durante a sua caminhada com Cristo. Em Mateus 7.24,25, temos:
"Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha”
O ensino da Palavra vai nos tornar conhecedores da pessoa de Cristo, a Rocha. Através desse conhecimento de Cristo e da prática desse conhecimento, seremos capazes de frutificar os dons do Espírito Santo em nossas vidas.
A prática da Palavra mostra quem nós somos em Cristo Jesus
Tiago 1.22-25
“Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos. Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência. Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu, mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer”
O apóstolo Paulo quando escrevia aos Gálatas no capítulo 5 de sua carta, ele exorta os irmãos daquela igreja – e a nós hoje – a permanecer firmes, não nos deixando ser submetidos novamente a escravidão por causa de ensinos errados da Palavra (v. 1). Eles estavam até indo bem, mas começaram a se deixar influenciar por outros ensinos diferentes da verdade (v. 7). A prática desses ensinos errados começaria a produzir frutos da carne (vs. 15, 19-21). Mas, ao contrário, Paulo encoraja a igreja a praticar aquilo que ele tinha ensinado (liberdade no Espírito Santo, cf. vs. 11,16,18) e que, fazendo assim, eles desenvolveriam os frutos do Espírito (vs. 22,23):
“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio”
Nós somos chamados para sermos livres em Cristo, através do viver no Espírito Santo, desenvolvendo os frutos do Espírito Santo e nos mostrando quem nós somos em Cristo Jesus:
  •  2Co 5.17: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”
  • Ef 4.24: “e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”
  • 1 Coríntios 2.16b: “Nós, porém, temos a mente de Cristo”

Muitas vezes não conseguimos alcançar a Igreja Perfeita em nossa comunidade, por que mesmo que a Palavra esteja sendo ensinada, talvez ela não esteja sendo praticada pelos irmãos. Já ouvi várias queixas de irmãos que diziam que iam mudar – e alguns até chegaram a mudar – de igreja por que eles entendiam que a Palavra de Deus não estava sendo ensinada. A pergunta que sempre faço a esses irmãos é: será que a Palavra não está sendo ensinada ou você que não está deixando ela frutificar eu seu coração?
Quando praticamos a Palavra, o Espírito Santo nos mostrará quem nós somos em Cristo Jesus, e isso nos tornará ainda mais parecidos com o Senhor. E quando somos parecidos com Ele, não existe espaço em nós para falamos mal do nosso irmão, da nossa igreja, do nosso Pastor, e o nosso coração fica em paz.
2.      Perseverança na comunhão material (partir do pão) e espiritual (oração)
A segunda característica que a igreja primitiva possuía e que levava esses irmãos a viverem em um ambiente agradável de comunidade cristã era a perseverança na comunhão, no partir do pão e nas orações. Essa característica era muito mais que estar juntos em uma reunião ou em um lugar em comum, para orar ou ouvir a Palavra, mas era algo que era inerente a nova vida piedosa recebida através do Espírito Santo. Uma vida repleta de frutos do Espírito.
O termo grego para comunhão usado no Novo Testamento é “koinonia”. Existem dois significados de forma mais abrangente para koinonia. O primeiro significa generosidade. E neste significado, eu entendo que a igreja perfeita compartilhava das necessidades materiais uns dos outros. No versículo 45 encontramos:
“...vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”
Em Atos 4.32, temos:
“Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham”
A generosidade é um sentimento que te impulsiona a cuidar dos outros e era uma prática constante na Igreja Primitiva. Eles estavam sempre a dispostos a ajudar alguém que precisasse.
E essa generosidade não era algo que acontecia apenas do mais abastado para o mais necessitado. Ao contrário, em sua segunda carta à igreja que estava em Corinto, Paulo testemunha da alegria dos irmãos macedônios em poder ajudar aos irmãos necessitados:
“Agora, irmãos, queremos que vocês tomem conhecimento da graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia. No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade. Pois dou testemunho de que eles deram tudo quanto podiam, e até além do que podiam. Por iniciativa própria eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos” (2 Coríntios 8.1-4)
Interessante é que Paulo testemunha isso a uma igreja considerada rica e próspera, já que a região de Corinto era uma região bastante importante no comércio da época e existiam muitas famílias ricas.
Então, a pergunta que o Espírito Santo no faz hoje é: quão generosos temos sido em nossa comunidade com aqueles irmãos que precisam? Se nós procuramos uma igreja perfeita, não podemos esquecer que uma das características dessa igreja era a generosidade com os mais necessitados.
Mas entendo também que os primeiros cristãos partilhavam e sustentavam uns aos outros em suas necessidades espirituais, através da oração.
O versículo 42 de Atos 2 mostra outra característica marcante da igreja perfeita: eles perseveravam em oração. A igreja primitiva era uma igreja que orava incessantemente pelos seus irmãos. Em Atos 12.5-7, a Palavra diz que Pedro estava na prisão e enquanto a Igreja orava, algo aconteceu: um anjo libertou a Pedro e suas algemas caíram. Em Tiago 5.16, a Bíblia diz que nós devemos orar uns pelos outros para que sejamos curados. Jesus nos ensina que aquilo que ligarmos na terra será ligado no céu e que aquilo que pedirmos concordando, o Pai celestial assim fará (Mateus 18.18,19).
Mas o mais interessante na oração entre os irmãos é que o mundo saberá que somos igreja de Cristo quando começarmos a orar uns pelos outros para nos manter unidos. Foi assim que o nosso mestre Jesus nos ensinou em sua oração sacerdotal:
"Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17.20,21)
Da mesma forma como Jesus orou pelos seus discípulos e por aqueles que iriam crer (nós) para que estivessem unidos, nós devemos orar pelos nossos irmãos, para estamos unidos com a mesma alma e coração.
O problema é que hoje procuramos uma igreja perfeita, mas não queremos perseverar em oração pelo nosso irmão. Quando um irmão está fraquejando na fé, muitas vezes nós acusamos o pecado daquele irmão ao invés de orar para que o Senhor restaure a vida dele, abrimos a nossa boca para difamar, caluniar ou fofocar.
A maravilhosa Graça de Deus
O segundo significado da palavra koinonia, e que fazia com que o primeiro significado (generosidade) realmente fosse efetivo, é encontrado no verso 44:
“...todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum”
Esse algo em comum que os irmãos da igreja primitiva tinham era a Graça de Deus. A Graça é um favor imerecido que Deus concede aos homens, ou seja, é algo que nós não merecemos receber, mas por causa do seu eterno amor, justiça e soberania, ele nos entrega.
Em 1 Coríntios 15.10, temos:
“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi em vão; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo”
Quem está falando isso é Paulo, o que foi perseguidor da igreja. Que era membro de um sinédrio e zeloso com o judaísmo. Ele mesmo se declara um total dependente da graça de Deus. Se fez o que fez foi por causa da graça. Se alcançou o ministério apostólico, foi por causa graça. Se trabalhou mais que os outros no Reino, foi por causa graça. Se foi salvo, foi por causa da graça. E o que diremos de nós então? Se somos o que somos em Cristo Jesus, é por causa da graça. Se fomos salvos, foi por causa da graça. Se fazemos parte de uma igreja, é por causa da graça. Se somos piedosos, é por causa da graça. Nada somos se não fosse a graça de Deus em nossas vidas.
A Graça nos faz igual diante de Deus
A igreja perfeita era uma igreja que perseverava na graça. Eles eram unidos pela graça. E quando somos unidos pela graça de Deus, não existe nem maior nem menor. Não existe nem melhor nem pior. Não existe o mais “espiritual” ou o menos “espiritual”. Mas existem aqueles que um dia foram alcançados pela Graça de Deus e que através dessa Graça estão sendo transformados a cada dia pelo poder de Deus a fim de que se tornem cada vez mais parecidos com Jesus.
Por causa da Graça, e através da Graça, nós:
  • ·Edificamos uns aos outros (1Ts 5.11; Rm 14.19).
  • ·Levamos as cargas uns dos outros (Gl 6.2).
  • ·Oramos uns pelos outros (Tg 5.16).
  • ·Somos benevolentes uns para com os outros (Ef 4.32).
  • ·Somos hospitaleiros uns com os outros (1Pe 4.9).
  • ·Servimos uns aos outros (Gl 5.13; 1Pe 4.10).
  • ·Consolamos uns aos outros (1Ts 4.18; 5.11).
  • ·Corrigimos uns aos outros (Gl 6.1).
  • ·Perdoamos uns aos outros (2Co 2.7; Ef 4.32; Cl 3.13).
  • ·Admoestamos uns aos outros (Rm 15.14; Cl 3.16).
  • ·Instruímos uns aos outros (Cl 3.16).
  • · Exortamos em amor uns aos outros (Hb 3.13; 10.25).
  • ·Amamos uns aos outros (Rm 13.8; 1Ts 3.12; 4.9; 1Pe 1.22; 1Jo 3.11,23;4.7,11).

Mas além de nos aperfeiçoar dia após dia e nos unir como igreja perfeita, a Graça de Deus também faz algo maravilhoso com aqueles que ainda não creram: ela faz com que sejam atraídos para Deus. Sabe aquele seu familiar mais afastado de Deus e que você pensa que ele nunca vai se converter aos caminhos do Senhor? Pois é, a maravilhosa Graça de Deus, que nos une como igreja, também age para aproximar aqueles que estão afastados do Senhor a ponto de serem salvos. Foi essa graça maravilhosa que fez com que Jesus se sentasse em meio a pecadores e marginais e comesse e compartilhasse com esses do Reino de Deus e estes se convertessem dos seus pecados e vivessem para Deus. Foi essa graça maravilhosa que fez com que Jesus perdoasse a mulher adúltera enquanto todos a queriam apedrejar e esta se arrependesse do seu pecado. Foi a graça maravilhosa de Deus que fez com que Jesus chamasse a um certo Zaqueu, homem desprezível e corrupto, para entrar na sua casa e ceiar com ele, e a partir disso Zaqueu se transformasse em um homem que agora tinha relacionamento com Deus.

A igreja perfeita existe e ela é estampada em Atos 2.42 (perseverança no ensino da Palavra e na comunhão dos irmãos). E essa igreja perfeita não está no templo físico, mas é construída por cada irmão e irmã que busca viver uma vida sincera de relacionamento com Deus e com o seu próximo, perseverando no ensino e na prática da Palavra do Senhor e na comunhão com os irmãos através do auxílio material e espiritual em orações.