quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Da ovelha para o pastor


1.    A ovelha tem que ter cheiro de pastor

Em sua primeira missa como Papa, concelebrada por cardeais, bispos e cerca de 1.600 sacerdotes em Roma, Francisco exortou os religiosos a irem às periferias, onde há sofrimento e sangue, e a serem “pastores com cheiro de ovelha”. Muitas vezes escutamos a frase: “o pastor tem que ter cheiro de ovelha” em uma alusão de que o pastor deve buscar conhecer as suas ovelhas de tal forma que exale o cheiro de ovelhas. E é fato que um pastor só é pastor se tiver ovelhas. Isso é verdade. A marca de perfume que o pastor mais gosta de usar, não é Hugo Boss, Yves Saint Lauren, Chanel n.5, Alfazema, Leite de Rosas, mas o perfume da marca Ovelha, aquele que tem cheiro de ovelha. O pastor deve buscar ter relacionamento com suas ovelhas, conhecer as suas necessidades, suas dificuldades, quais as suas prioridades, orar por elas, interceder por elas, gastar tempo com suas ovelhas até ficar “com cheiro de ovelha”.

Muitas vezes esse cheiro de ovelha é pego de forma sobrenatural. O pastor ora tanto pelas ovelhas que o cheiro delas é passado de uma forma espiritual. Às vezes, o pastor não tem tempo de visitar as suas ovelhas, ficando muitas vezes, a cargo do líder ou diácono, mas isso não quer dizer que o pastor não esteja perto de suas ovelhas. Ele está! Através de suas orações e intercessões diárias pela igreja, o pastor recebe de forma sobrenatural o cheiro das suas ovelhas.

É certo afirmar que o verdadeiro pastor tem que ter cheiro de ovelha. Mas contrário também é verdadeiro: a ovelha tem que ter o cheiro do pastor. Mas muitas vezes, esse cheiro de pastor na ovelha não é percebido, por causa de dois aspectos principalmente: a ovelha se afasta do pastor ou a ovelha não se submete ao aconselhamento do pastor.

a.    A ovelha se afasta do pastor

O Salmista diz: “Andei vagando como ovelha perdida” (Salmos 119.176a).

Em Isaías 53.6, lemos: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho”.

I Reis 22.17: “Vi todo o Israel espalhado pelas colinas, como ovelhas sem pastor, e o Senhor a dizer: ‘Estes não têm dono’”.

Lemos também em Mateus 9.36: “Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor”.

Nesses textos vemos claramente que existem ovelhas que estão sem pastor. Ou por que nunca foram de um rebanho ou por que se afastaram do rebanho que faziam parte. Às vezes, nós ovelhas, por vontade própria, decidimos nos afastar do rebanho e por consequência do pastor. Quando fazemos isso ficamos numa posição perigosa, insegura, sem a proteção do pastor. Por isso, o Salmista clama ao Senhor, dizendo: “Vem em busca do teu servo” (Salmos 119.176b). Infelizmente, vemos pessoas que estão afastadas do seu rebanho e do pastor que o Senhor colocou para liderar o rebanho. O que às vezes não nos damos conta é que o risco de afastar-se do rebanho é muito maior do que se possa imaginar! Uma pessoa pode se tornar tão envolvida em tantas atividades, que ela fica sem tempo para Deus, Sua Palavra, oração e estar em comunhão na sua igreja com os pastores e irmãos. O resultado disso é o coração se tornar frio e insensível em relação a Deus, e a comunhão espiritual. Perdemos também a proteção espiritual do nosso pastor. Saímos debaixo da sua cobertura e nos tornamos alvos mais fáceis para o inimigo. Certa vez ouvi um pastor dizer: “Pastor foi feito para proteger ovelha”. Essa é uma das principais funções do pastor e quando nos afastamos do nosso pastor, nós perdemos o cheiro do nosso pastor e ficamos apenas com o cheiro de ovelha. Assim, fica fácil do lobo nos encontrar por causa do nosso cheiro de ovelha.

b.    A ovelha não se submete ao aconselhamento do pastor

Hebreus 13.17: “Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas. Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria e não um peso, pois isso não seria proveitoso para vocês.”

Uma das coisas que tenho aprendido nessa caminhada com Cristo é que devemos ser submissos às autoridades. Em Romanos 13.1,2, temos:

“Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos.”

Jesus quando perguntado sobre se era justo pagar tributos a César, Ele respondeu “daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, nos mostrando que mesmo que a autoridade seja ímpia e injusta, temos que nos submeter a ela. Obviamente que nesse caso, por trás dessa submissão, tem oração para que Deus mude essa situação de injustiça.

Quando não seguimos os conselhos do pastor, podemos trazer grandes problemas para as nossas vidas.

I Reis 12.6-8, temos: “O rei Roboão foi falar com os homens mais velhos, que haviam sido os conselheiros do seu pai, e perguntou: — Que resposta vocês me aconselham a dar a este povo. Eles disseram: — Se o senhor quiser servir bem a este povo, dê uma resposta favorável ao pedido deles, que eles serão seus servidores para sempre. Mas Roboão não seguiu o conselho dos homens mais velhos e foi falar com os jovens que haviam crescido junto com ele e que agora eram os seus conselheiros”.

O rei Roboão era filho e sucessor de Salomão. Ele desprezou os bons conselhos dos sábios – uma junta de homens levantados pelo Rei Salomão para que servissem de conselheiros ao rei e ajudá-lo nas decisões que ele devia tomar acerca do reino – e tomou conselho com os jovens que havia crescido junto com ele. Com esta atitude Roboão não seguiu o conselho da junta de anciãos nem tampouco o conselho do seu pai de sempre seguir os conselhos dos sábios e causou a grande divisão da nação de Israel.

Qual é a sua atitude mediante a uma decisão e a uma circunstância? Aonde você procura se aconselhar? A palavra de Deus nos aponta no Salmo 1:

“Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite”. (Salmo 1.1-3)

O verdadeiro pastor também é um profeta de Deus, e como profeta, fala das coisas de Deus e aconselha as ovelhas de acordo com a Palavra de Deus. A felicidade está vinculada ao prazer do homem em buscar os conselhos vindos do Senhor. Conselhos sábios são sempre baseados na Palavra do Senhor.

Quando uma ovelha não se submete ao aconselhamento pastoral, esta fica sujeita a seguir conselhos de ímpios, não pautados na Palavra do Senhor, e que muitas vezes podem levar a ovelha a se desgarrar do rebanho, se revoltar contra seu pastor, ou até mesmo se afastar do Bom Pastor, que é Jesus.

2.    A ovelha conhece o coração do pastor

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem.Eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que lhes deu para mim, é maior do que todos, ninguém pode arrebatá-las da mão de meu pai.” João 10.27-29

Que passagem maravilhosa e encorajante às ovelhas. O Senhor Jesus está dizendo que aqueles que são seus, são Dele por toda a eternidade. Ele está mantendo-os na Sua mão e está cuidando daqueles que o Pai  Lhe deu.

O Bom Pastor conhece as suas ovelhas e é importante que as ovelhas também conheçam o Bom Pastor. Da mesma forma, as ovelhas do rebanho do Reino de Deus também devem conhecer a seus pastores, da mesma forma como o pastor conhece as suas ovelhas.

a.    O pastor possui um coração segundo o coração de Deus

Pastorado não é profissão – é ministério! Quando Jesus designou o apóstolo Pedro para pastorear o rebanho, não perguntou das suas habilidades profissionais, mas sim “amas-me mais do que estes outros?” (João 21.15-17). Quem ama a Jesus, também amará aos que foram resgatados por Jesus e os tratará como Jesus os tratou. Desta forma, o coração do verdadeiro pastor é um coração segundo o coração de Deus.
Jeremias 3.15: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência”.

Um coração semelhante ao de Jesus. Coração amoroso, compassivo, perdoador, encorajador e íntegro. Jesus é o nosso modelo de pastor. O coração de pastor o inclina para buscar a ovelha perdida, fortalecer a fraca e corrigir a rebelde. O coração de pastor sabe conduzir a ovelha a águas tranquilas e repousar em verdes pastos. Veja, que ovelha é um animal que possui uma fome feroz. A todo momento ela está comendo, pois dificilmente fica saciável. Mas o coração do pastor sabe saciar a ovelha a tal ponto, que faz esta deitar sobre a grama verdinha pronta para comer.

b.    O pastor possui um coração paterno que se preocupa com suas ovelhas

No livro do Evangelho de Lucas, capítulo 15 – a seção de Achados e Perdidos da Bíblia – encontramos uma outra face do coração de Deus. Uma face que até então não tinha sido apresentada ao mundo da forma como foi apresentada, e por quem foi apresentada. Jesus, o filho do Pai, estava interessado em revelar o coração paterno de Deus. E uma das formas que ele usou para isso foi comparar um filho a uma ovelha.

Nos versos 4 e 8, Jesus diz que duas coisas muito valiosas foram perdidas: 1 de 100 ovelhas e 1 de 10 moedas. Aparentemente, perder 1 de 100 ovelhas pode não parecer algo grave. Afinal de contas, é uma perda de apenas 1%. Entretanto, para um pastor, era uma perda considerável. Um pastor conhecia cada uma de suas ovelhas pelo nome e, constantemente, contava o seu rebanho para ter certeza de que todas estavam ali. O bom pastor amava suas ovelhas e cuidava muito bem delas.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Uma oferta de amor


Em I Crônicas 29:1-9 nós vemos o rei Davi nos ensinando um aspecto importante que o cristão deve atentar quando for entregar as ofertas na casa de Deus: qual a motivação do nosso coração para ofertar a Deus. No versículo 3, Davi destaca o quê o leva a ofertar na casa do Senhor: “E ainda, porque amo a casa de meu Deus”. Interessante notar que nesse momento da história Davi já tinha tudo preparado para a construção do templo de Jerusalém, que seria feito no reinado do seu filho Salomão. Todo ouro, prata, bronze, madeira e etc. quer seriam necessários para a construção do templo já estavam em posse de Davi (v. 2), mas, por ter seu coração voltado para a obra de Deus, Davi foi além e também ofertou suas riquezas particulares, conforme mostrado no versículo 4. Davi entendia que aquilo não era obra para homens, mas sim para Deus (v. 1). O coração dele estava voltado para as coisas de Deus. Jesus nos ensina que “onde está o teu tesouro, ali estará o teu coração.”. Onde tem estado o nosso coração no que se refere a ofertar na casa de Deus? O nosso coração tem ardido de amor pelas coisas de Deus de tal forma que ofertamos em sacrifício aquilo que nos custa?
Deus já nos deu o maior e mais expressivo exemplo de que uma oferta é um ato de amor quando entregou seu filho Jesus para morrer por nossos pecados e nos ligar novamente com o Pai. O coração do cristão deve sempre estar voltado para ofertar na casa de Deus pelo simples fato de amar ao Senhor e tudo aquilo que diz respeito a Ele.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Um novo coração para receber os sonhos de Deus


Deus tem um sonho: que o homem possa novamente ter comunhão com Ele. Desde o início, quando Deus criou o homem, Ele o criou com um propósito e com uma finalidade específica: que o homem fizesse parte da vida de Deus. Quando o homem caiu no pecado, a vida de Deus deixou de existir dentro do homem. Assim, o coração do homem passou a não ter mais o coração de Deus batendo junto ao dele. A Bíblia diz em Isaías 1.5: “Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco”. Gênesis 6.5 afirma: “Toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”.
Ezequiel 36.26 diz: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne”.
No texto que acabamos de ler, o profeta Ezequiel declama ao povo de Israel que chegará o tempo em que o Senhor Deus mudará a sorte deste povo e o restaurará e o trará de volta para Ele; e Ele começará fazendo isso dando um novo coração. Essa promessa se cumpriu em Jesus e através de Jesus. É preciso que conheçamos e tenhamos o coração de Jesus para poder receber os sonhos de Deus em nossas vidas. Ele cumpriu o sonho de Deus.

O coração de Jesus não era orgulhoso

Para que possamos viver os sonhos de Deus e os nossos sonhos em Deus é preciso que deixemos o nosso orgulho de lado.

Orgulho da religiosidade: Jairo precisou vencer seu orgulho para ter seu sonho realizado: ter sua filha curada da morte. Marcos 5.22: “Então chegou ali um dos dirigentes da sinagoga, chamado Jairo. Vendo Jesus, prostrou-se aos seus pés”. Jairo era judeu e não se prostrava diante de outro a não ser Deus. Naquele momento havia uma multidão que conhecia a Jairo e sua posição no Judaísmo, mas Jairo não se preocupou com isso e reconheceu que apenas Jesus era a salvação para a sua filha.

Orgulho do egoísmo: O orgulho de Saul. Às vezes nós estamos dentro da igreja, mas afastados de Deus, afastados do centro da vontade de Deus e isso torna-nos orgulhosos. Por causa do seu orgulho, Saul foi rejeitado por Deus e perdeu a sua bênção. Às vezes perguntamos: “– Por que Deus não realiza os meus sonhos?”, mas esquecemos que estamos com um “Saul” enorme dentro de nós.

Orgulho social: O orgulho de Naamã (II Reis 5.1-19): “Ora, Naamã, chefe do exército do rei da Síria, era um grande homem diante do seu senhor, e de muito respeito, porque por ele o Senhor dera livramento aos sírios; era homem valente, porém leproso”. Naamã era um homem bem sucedido (era o chefe do exército do rei da Síria); um homem que tinha seu talento reconhecido pelo próprio rei; era amado por seus soldados; gozava de muito conceito e respeito por todos do seu país; homem abençoado por Deus (por meio dele, Deus dera livramento aos sírios); tinha uma esposa que o amava e se preocupava com ele; entretanto Naamã não era feliz: ele era leproso! Naamã foi buscar ajuda através de um profeta do Deus de Israel (Eliseu).

Quando não temos um coração orgulhoso estamos pronto para viver a história que Deus tem para vivermos, e não vivermos a nossa própria história. Deus quer primeiro tirar o nosso orgulho para que realmente possamos viver nossos sonhos. Quantos testemunhos nós já ouvimos dizendo que tal irmão foi abençoado com um emprego, mas que após isso não teve mais tempo pra obra de Deus. Temos que entender que Deus não nos dará nada que nos afaste dele. A bênção chegará a nossa casa quando estivermos realmente livres de todo orgulho, reconhecendo que dependemos de Cristo para tudo.

Jesus possuía um coração espiritual e focalizado

Seus pensamentos refletiam um relacionamento íntimo com o Pai. “Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim” (Joã0 14.11). A primeira pregação de Jesus começou com as palavras “O Espírito do Senhor está sobre mim” (Lucas 4.18). Ele foi “conduzido pelo Espírito” (Mateus 4.1) e “cheio do Espírito Santo” (Lucas 4.14). Ele retornou do deserto “pela virtude do Espírito Santo” (Lucas 4.14). Jesus estava em constante oração e se retirava para o deserto para orar (Lucas 5.16). Tudo que Jesus fazia, ele fazia por causa do Pai: “Porque tudo quanto ele (Deus) faz, o Filho o faz igualmente” (João 5.19)

O apóstolo Paulo nos ensina que “devemos pensar nas coisas lá do alto” (Colossenses 3.2). Em que temos pensado ultimamente? Onde tem estado o nosso coração? Nas coisas de Deus ou nas coisas dos homens? O coração do cristão deve ser um coração voltado às coisas de Deus: em constante oração, louvor e adoração ao Pai.
Na segunda carta aos Coríntios no capítulo 4 verso 18, Paulo resume em que o coração cristão deve está focalizado: Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.

Jesus tinha um coração humilde e pronto para perdoar

Em Colossenses 3.12,13 diz: “Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. 13 Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Cristo lhes perdoou”.
Jesus conviveu três anos com o mesmo grupo de pessoas, ao redor da mesma mesa, indo aos mesmos lugares, viajando nos mesmos barcos, andando pelas mesmas estradas, visitando as mesmas casas. Jesus conhecia bem cada discípulo seu. Sabia dos pontos fortes e fracos de cada um. Como será que Jesus conseguiu ser tão dedicado a esses homens? Como Deus, ele sabia cada pensamento deles. Sabia das suas dúvidas, das suas fraquezas, dos medos. Como será que Jesus conseguiu amar a Pedro sabendo que este o trairia? Como será que Jesus amou a Judas sabendo que este o entregaria a morte? E Tomé que não acreditou em sua ressurreição? Como Ele foi capaz de amar pessoas difíceis? A resposta é: através de uma toalha e uma bacia. Através do ato de ajoelhar-se e lavar os pés de todos os seus discípulos Jesus nos ensina que é necessário que tenhamos o coração pronto para perdoar, pronto para liberar misericórdia antes mesmo de pedirem por isso.

Jesus ordena que nós façamos o mesmo. João 13.14,15: “Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz”.

Havia um propósito em seu coração

Em João 6.38 encontramos: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou”. Desde a eternidade Jesus existe. Ele sempre esteve com Deus nos céus. Por Ele, com Ele e para Ele, foram criadas todas as coisas. Ele, o Pai e o Espírito formam uma unidade perfeita que não precisa de mais nada. Mas, por causa do seu imenso amor, Deus criou o homem. E Jesus precisou descer dos céus justamente por causa do pecado do homem que fez com que este perdesse a comunhão com o Pai. 

Jesus veio a terra com um propósito específico em seu coração: Ele não veio para ser teólogo. Jesus não escreveu livros. Ele não veio para ser filósofo. Filósofos procuram verdades, e quando encontram, as deixam para a ciência. Jesus é a Verdade (Jo 14.6: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida). Ele não veio para ser médico. Jesus curou fisicamente algumas dezenas de pessoas, mas deixou todo o resto do mundo fisicamente doente. Lucas 19.10: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Esse é o propósito que ardia dentro do coração de Jesus. Ele estava tão concentrado na sua missão que soube dizer “Ainda não é chegada a minha hora” (Jo 2.4) e também “Está consumado” (Jo 19.30).

Para receber e viver os sonhos de Deus é necessário que tenhamos o coração igual ao daquele que recebeu, viveu e cumpriu o sonho de Deus: Jesus.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Qual casa nós temos edificado - Parte 2


Antes de começar a ler essa mensagem, leia os textos de Hebreus 3.1-6, Atos 7.48-50, Atos 17.24.

Nós fomos criados a imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26). Somos feitura sua, criados para o louvor da sua glória. Deus colocou em nós o fôlego de vida e fomos criados para sermos sua habitação. Ele fez tudo isso para vir morar dentro de nós. Não há outro lugar onde Deus queira estar senão habitando dentro do homem.
Houve um tempo em que um homem obedeceu a Deus, então Deus começou a andar com os homens. Houve outro tempo em que o próprio Deus começou a andar no meio dos homens. Este tempo foi quando Cristo deixou a sua habitação celeste e veio habitar e andar entre nós. Mas agora é o tempo onde Deus não mais anda com os homens ou anda no meio dos homens, mas o tempo onde Deus anda dentro do homem.

A Bíblia fala nos textos que lemos, e em outros demais textos, que Deus não habita mais em templos feitos por mãos humanas. Nós somos o atual local de habitação de Deus. Nós somos morada, a Casa de Deus.

Deus edifica a casa sobre a rocha

Antes de tudo, temos que entender que Deus é que é o engenheiro, arquiteto, mestre de obras, pedreiro e pintor da nossa casa. A Bíblia diz em Salmos 127.1 que “Se o Senhor não edificar a casa em vão trabalham os que a edificam”. O Antigo Testamento nos mostra que o Tabernáculo de Moisés e o Tabernáculo de Davi eram os locais da habitação de Deus – onde a Arca da Aliança se encontrava. Era o local da presença de Deus, onde Deus falava ao povo, onde se encontravam as tábuas da lei, e onde era oferecidos louvores e sacrifícios ao Senhor. Quando Deus manda construir o Tabernáculo (de Moisés) ou restaurá-lo (de Davi), Deus dá instruções minuciosas acerca de como deveriam ser esses tabernáculos. Da mesma forma hoje, é Deus quem edifica o seu local de habitação – nós – e nos dá instruções de como devemos fazer isso. A principal instrução que o Senhor dá é que nós devemos construir a nossa casa sobre a rocha, que é Cristo.

Tempestades, inundações, ventanias ou uma boa garrafa de vinho?

Mateus 7.24-27: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”.

Apesar dessa parábola de Jesus ser tão conhecida muitos ainda a ignoram. E o que é prior: muitos dentro da própria igreja. Vemos hoje muitos líderes religiosos ensinando que o Evangelho é a solução de todos os seus problemas: “venha para Cristo e pare de sofrer” ou “tome a pílula de dose única do Evangelho e fique curado da depressão” ou mais ainda “invista seu dinheiro no banco do Evangelho e tenha seus problemas financeiros resolvidos”. O nosso mestre foi bastante claro ao ensinar que no mundo não estaríamos livres de aflições e lutas. C. S. Lewis, um dos maiores teólogos do sec. XX e que passou por muito sofrimento nesta vida, estava certo quando declarou: “Aqueles que querem sentir-se bem eu não recomendo o Evangelho. Recomendo uma boa garrafa de vinho”.

A grande diferença entre os que não querem saber de dificuldades ou se desesperam diante delas, e aqueles que as encaram como parte do crescimento e aperfeiçoamento da vida aqui terra, está no local a casa está sendo edificado. Se a fé e confiança estiverem baseadas apenas em crenças e religiosidade, isso demonstra que a casa tem sido construída sobre a areia. Desta forma, quando as tempestades vierem, a casa certamente não permanecerá. Entretanto, existem aqueles que escolheram edificar sua casa em terra firme. Esta é a casa edificada sobre a rocha, que é Cristo e Sua palavra. Essa casa também não estará imune às tempestades, inundações e ventanias, mas ela não será abalada nem destruída.

Mudando as coisas de lugar

Mateus 21.12-14: ”Jesus entrou no templo e expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas, e lhes disse: Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; mas vocês estão fazendo dela um ‘covil de ladrões’. Os cegos e os mancos aproximaram-se dele no templo, e ele os curou.”

Quando eu era criança e morava na casa da minha mãe, por muitas vezes eu a vi trabalhando para arrumar e casa (e não maioria das vezes a casa estava bagunçada por minha causa). A minha mãe fazia isso por que ela não suportava ver a casa bagunçada e também por que ela recebia muitas visitas em casa e queria mostrar uma casa arrumada e bonita aos visitantes.

No capítulo 21 versículos 12 a 14 do Evangelho de Mateus, lemos um episódio em que o nosso Mestre ficou revoltado com as coisas que estava acontecendo dentro do templo: mercadores que estava lá apenas para fazer comércio. Jesus então os expulsou de lá, derrubou as mesas e cadeiras e limpou todo o templo. Após isso, Ele começou a curar os enfermos e afirmou: “minha casa será chamada casa de oração”.

Esta passagem bíblica nos traz uma aplicação para a igreja em geral. Uma aplicação bastante atual para uma igreja que tem se desviado do seu papel principal – levar a salvação através de Cristo ao homem – e tem se corrompido com “teologias da prosperidade” que estão fora de toda base bíblica. Mas essa passagem também tem uma aplicação espiritual pessoal na vida do Cristão: assim como Jesus fez no passado naquele templo, Ele quer fazer atualmente em nós, tirando tudo aquilo que está errado, que não vem de Deus, que não serve para sua glória e nos encher do seu caráter e das suas virtudes.

Jesus nos ensinou que após a limpeza, temos que ser uma casa de oração, uma casa de cura, uma casa de poder. Mas existe algo que devemos observar: assim como o templo físico (edifício) precisa de uma limpeza constante, a atual casa de habitação de Deus – nós – também precisa ser lima constantemente. E Deus faz isso pelos mesmos motivos que a nossa mãe faz quando arruma a casa: (1) Ele não suporta bagunça (no caso, o pecado em nossas vidas); (2) ele quer que sejamos bem vistos pelos nossos visitantes (ou seja, temos que refletir que somos parecidos com Cristo em tudo para as pessoas que ainda não tiveram um encontro pessoal com Deus).

“Estou em obras. Essa morada um dia será perfeição”

Filipenses 1.6: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.”
I Pedro 2.5: “Vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo.”
Efésios 2.22: “Nele vocês também estão sendo juntamente edificados, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito”
I Coríntios 3.16: “Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?”

Devemos deixar o Espírito Santo nos limpar a cada dia, nos convencer dos nossos pecados e permitir que Jesus arrume todas as mesas, cadeiras, sofá, cama, que estão em posição errada em nosso templo. Não dá para ser a mesma pessoa depois que Jesus começa a morar dentro de nós.

A casa onde Deus deseja estar: a Casa de “Lázaro, Marta e Maria”

Lucas 10.38: “Caminhando Jesus e os seus discípulos, chegaram a um povoado, onde certa mulher chamada Marta o recebeu em sua casa”.
Em João 11.5 nós entendemos que Jesus amava Lázaro, Marta e Maria. Logo Jesus também amava estar na casa de Lázaro, Marta e Maria. Talvez a casa deles fosse a casa favorita de Jesus, enquanto o Mestre esteve andando sobre esta terra.

Casa de intimidade: Lázaro era amigo íntimo de Jesus (João 11.11). Foi por Lázaro que Jesus chorou como homem (João 11.35). Isso demonstra que Jesus gostava de estar na casa de Lázaro, pois se sentia bem na casa do amigo. Da mesma forma nós temos que ser amigos íntimos de Deus. E quando se fala em intimidade, se fala em se relacionar e também em passar tempo com essa pessoa.

Casa de servo: Marta servia ao Senhor Jesus (Lucas 10.39). Marta possuía o ministério de servir ao Senhor quando esse estivesse em sua casa. Da mesma forma nós temos que possuir o mesmo prazer em servir ao Senhor Jesus quando este fizer morada em nós. Todo cristão tem um ministério, ou vários ministérios, no qual Deus confia que sejam realizados obras. Não existe Cristão sem ministério assim como não existe fé sem obra (Tiago 2.17)


Casa de adoração: enquanto Marta se preocupava com o serviço na casa, Maria adorava ao Senhor Jesus. Maria queria estar diante de Jesus, para aprender, para ouvir, para adorar, para alegrar-se, para se aconselhar expondo os seus sentimentos abrindo a sua alma perante o Senhor. Deus vai começar a visitar mais a nossa casa espiritual quando verdadeiramente o adorarmos em espírito e em verdade (João 4.23).

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Qual casa nós temos edificado - Parte 1



Ageu 1:1-11:

1 No primeiro dia do sexto mês do segundo ano do reinado de Dario, a palavra do Senhor veio por meio do profeta Ageu ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, e ao sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, dizendo: 2 “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Este povo afirma: ‘Ainda não chegou o tempo de reconstruir a casa do Senhor’”. 3 Por isso, a palavra do Senhor veio novamente por meio do profeta Ageu: 4 “Acaso é tempo de vocês morarem em casas de fino acabamento, enquanto a minha casa continua destruída?” 5 Agora, assim diz o Senhor dos Exércitos: “Vejam aonde os seus caminhos os levaram. 6 Vocês têm plantado muito, e colhido pouco. Vocês comem, mas não se fartam. Bebem, mas não se satisfazem. Vestem-se, mas não se aquecem. Aquele que recebe salário, recebe-o para colocá-lo numa bolsa furada”. 7 Assim diz o Senhor dos Exércitos: “Vejam aonde os seus caminhos os levaram! 8 Subam o monte para trazer madeira. Construam o templo, para que eu me alegre e nele seja glorificado”, diz o Senhor. 9 “Vocês esperavam muito, mas, eis que veio pouco. E o que vocês trouxeram para casa eu dissipei com um sopro. E por que o fiz?”, pergunta o Senhor dos Exércitos. “Por causa do meu templo, que ainda está destruído, enquanto cada um de vocês se ocupa com a sua própria casa. 10 Por isso, por causa de vocês, o céu reteve o orvalho e a terra deixou de dar o seu fruto. 11 Nos campos e nos montes provoquei uma seca que atingiu o trigo, o vinho, o azeite e tudo mais que a terra produz, e também os homens e o gado. O trabalho das mãos de vocês foi prejudicado”. 

Estas palavras foram ditas por Deus a seu povo através do profeta Ageu (Ageu 1:1), num contexto onde Israel tinha voltado para Jerusalém do cativeiro babilônico, do qual o Senhor os havia resgatado (Esdras 2:1-2). Foi devido a constante desobediência de Israel, que ele havia sido levado cativo (Deuteronômio 28:49-52; 30:17-18). E agora, com o retorno do povo a sua terra, tudo estava em ruínas, inclusive o templo do Senhor (2 Reis 25:8-9), que representava a habitação de Deus no meio deles (1 Crônicas 22:19; 2 Crônicas 5:7; 6:1-11). Aquele templo que tinha sido construído por Salomão através da ordem do próprio Deus para construir. O templo que transformava Jerusalém na capital espiritual do Universo, já que a presença de Deus estava lá. Na Arca da Aliança, por trás dos dois querubins emanava uma luz que era a Shekiná, a presença manifesta de Deus naquele lugar. O povo resgatado daquele cativeiro deveria agora priorizar a reconstrução do templo, pois desta forma é que agradariam o Senhor e o glorificariam (Ageu 1:8). Então o povo começa a reconstrução do templo (Esdras 1: 1-11, 3:8), porém depois de um tempo a interromperam (Esdras 4:24). Eles estavam desanimados e parados com respeito a obra da Casa do Senhor. Dentre os vários motivos que os levaram a interromper este trabalho (Esdras 4), o Senhor destacou o contraste entre a indisposição do povo em reconstruir o seu Templo (“...Não veio ainda o tempo, o tempo em que a Casa do Senhor deve ser edificada...”) e a disposição em construírem para si mesmos belas casas: “Acaso, é tempo de habitardes vós em casas de fino acabamento, enquanto esta casa permanece em ruínas?. A presença do Senhor no meio deles era o mais importante. Reconstruir a Casa do Senhor deveria ser sua prioridade.

Sabemos que o Senhor não nos ordena reconstruir para ele um templo físico hoje, pois os seus próprios servos, na Nova Aliança, são a sua habitação (João 14:23; Atos 17:24; 1 Pedro 2:5; 1 Coríntios 3:16-17). Mas podemos tirar algumas lições desta afirmação do Senhor a respeito da atitude do seu povo:

Devemos negar a construção da casa do nosso “Eu”

1. Dentre outras coisas, servir o Senhor exige negação (Marcos 8:34-35), mudança de mentalidade (Romanos 12:2), mudança de vida (Romanos 6:1-4).
2. Enquanto o foco de nossas vidas for “construir nossas próprias casas” não vamos agradar o Senhor, não edificaremos “a Casa do Senhor”. O próprio Jesus afirma que não podemos servir a dois senhores (Mateus 6:24). Ele desafiou o jovem rico a se desligar totalmente de seus bens, de tudo aquilo que ele havia construído e mais valorizava na vida, para seguí-lo (Marcos 10:21-22).
3. Não devemos ignorar as ordens e advertências do Senhor a respeito do perigo de sermos iludidos pela nossa própria cegueira. Ele nos adverti a respeito do cuidado exagerado pelas coisas desta vida (Marcos 4:7,18-19; Mateus 6:19-21).
4. É possível estarmos parados na obra principal e nem nos darmos conta? Sem negar as responsabilidades e necessidades que temos na vida aqui, devemos ter o cuidado de que estas coisas não nos atrapalhem na meta principal, não venham a se tornar para nós motivo de não edificar “a Casa do Senhor” (Mateus 6:32-33; Eclesiastes 12:13).

Devemos edificar a nossa casa espiritual

1. Frequentemente imaginamos que ainda não é tempo de servir a Deus. Nós nos preocupamos em primeiro resolver nossas vidas aqui, enquanto as coisas de Deus ficam para depois. Pessoas vivem uma vida regalada durante toda a juventude, imaginando que só quando velhas, próximas da morte, precisarão buscar a Deus. Assim como os Israelitas, esquecemos que só temos verdadeira vida e liberdade quando Deus habita em nós (Marcos 8:36; João 3:16; Colossenses 1:13). Esquecemos que o Senhor já resgatou a humanidade pagando um alto preço pela salvação do homem (1 Pedro 1:17-21; 2 Coríntios 5:18-19) e que deixar para buscá-lo depois pode ser mais difícil e até tarde demais (Eclesiastes 12:1-8; Isaias 55:6; Hebreus 3:12-13).
2. Somos chamados no tempo que se chama hoje, para edificar a Casa do Senhor, não depois (Atos 17:30-31).

Nos dias do profeta Ageu, não muito tempo depois de ouvirem sua mensagem, os Israelitas deram ouvidos a sua voz, temeram ao Senhor e retomaram a construção do Templo (Esdras 5:2; Ageu 1:12-15).

Que assim, também nós, ao ouvirmos hoje a voz do “profeta dos profetas”, do filho de Deus (Hebreus 1:1-2), nos empenhemos com toda perseverança na obra principal que ele nos confiou (Hebreus 12:1-3).

Já é tempo de construir! Qual casa nós temos edificado?

domingo, 4 de janeiro de 2015

O Evangelho é sofredor


(Mensagem baseada no vídeo "Você irá sofrer" de John Piper que você pode encontrar no Youtube)
Queria começar esta mensagem fazendo uma pergunta: Você é feliz? Se fizéssemos essa pergunta a uma pessoa que não teme a Deus, um ímpio, ele com certeza responderia: “eu sou feliz por que não tenho problemas, ou por que tenho dinheiro, ou por que tenho saúde, ou por que eu não sofro”. Isso era o que um ímpio responderia. Se fizéssemos essa mesma pergunta a um monge recluso em seu mosteiro, ele diria que é feliz “por que a santidade, meditação e sacrifício é o que realmente importa nesta vida”. Se fizéssemos esta mesma pergunta a um cristão, muito provavelmente ele responderia que é feliz “por que sirvo a Deus, vou à igreja as quintas, aos domingos, tenho comunhão com meus irmãos, a minha vida está muito boa com Cristo”. Se fizéssemos essa pergunta ao Pr. Yousef Nadarkhani, o pastor iraniano que passou três anos presos devido a ter pregado o Evangelho de Cristo a muçulmanos e foi solto recentemente, ele com certeza diria: “sim, sou feliz por que estou sofrendo por Cristo. Por que tudo que tenho passado em sofrimentos nesta carne, tem servido para manifestar a glória de Deus aonde quer que eu vá.”
Mateus 16.24
Então Jesus disse aos seus discípulos: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.”
Mateus 10.21
O irmão entregará à morte o seu irmão, e o pai, o seu filho; filhos se rebelarão contra seus pais e os matarão. E odiados de todos serei por causa do meu nome.
João 16.1,2
Eu lhes tenho dito tudo isso para que vocês não venham a tropeçar. Vocês serão expulsos das sinagogas; de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus.
2 Timóteo 3.12
De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.
1 Pedro 4.12,15
Amados, não se surpreendam com o fogo que surge entre vocês para os provar, como se algo estranho lhes estivesse acontecendo. Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria.
Romanos 8.17-19
“Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória. Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.”
Atos 5.41
“Os apóstolos saíram do Sinédrio, alegres por terem sido considerados dignos de receberem sofrimento por causa do nome de Jesus.”
2 Timóteo 1.8
“Portanto, não se envergonhe de testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dele, mas suporte comigo os meus sofrimentos pelo evangelho, segundo o poder de Deus.”
Mesmo que muitos não aceitem ou queiram ensinar o contrário ou acham que isso já está ultrapassado e serviu apenas para a igreja primitiva, nós devemos sofrer por causa da pregação do Evangelho. Se nossa vida cristã está "muito boa", tem algo muito errado. Muito sangue já foi derramado até que a nós chegasse a revelação de Cristo como Senhor e Salvador do mundo. Muito sangue ainda tem sido derramado nos dias de hoje por essa mesma revelação. O que nós temos feito por essa revelação? Temos sofrido o bastante para sermos dignos de viver por Ele?
1. Devemos sofrer por Cristo
Filipenses 1.29
“Pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele.”
Não recebemos de Deus apenas a graça de crer em Cristo, mas também Deus nos deu a graça de sofrer, de padecer por Cristo.
Paulo nos ensina que não recebemos de Deus a graça apenas para crer, pois através da graça temos a fé e a fé nos aproxima de Cristo, e temos contato com Cristo e todos os benefícios. Mas também recebemos a graça de padecer por Cristo.
Por que Paulo ensina isso?
Quando Paulo escreve aos filipenses ele estava preso em Roma e sofrendo todas as conseqüências que uma vida carcerária pode trazer. Então Paulo explica aos Filipenses que a dádiva não é só a fé, mas também o sofrimento. Por quê? Por que por causa da prisão de Paulo, do sofrimento de Paulo, muitos irmãos começaram a pregar o Evangelho.
Filipenses 1.12:
“Quero que saibam, irmãos, que aquilo que me aconteceu tem, ao contrário, servido para o progresso do evangelho. Como resultado, tornou-se evidente a toda a guarda do palácioc e a todos os demais que estou na prisão por causa de Cristo. E os irmãos, em sua maioria, motivados no Senhor pela minha prisão, estão anunciando a palavrad com maior determinação e destemor.”
2. Falta a nossa oferta para o sofrimento para completar as aflições de Cristo
Colossenses 1.24-29:
“Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja. 25 Dela me tornei ministro de acordo com a responsabilidade, por Deus a mim atribuída, de apresentar-lhes plenamente a palavra de Deus, 26 o mistério que esteve oculto durante épocas e gerações, mas que agora foi manifestado a seus santos. 27 A ele quis Deus dar a conhecer entre os gentiosd a gloriosa riqueza deste mistério, que é Cristo em vocês, a esperança da glória. 28 Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. 29 Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim.”
Segundo John Piper, o texto de Cl 1.24 é quase uma heresia. Quase. Paulo dizer que em seu corpo caído e pecador, ele completa o sofrimento de Cristo? Mas graças a Deus que temos a revelação do Espírito de Deus para que possamos entender o que o apóstolo da cruz diz. Paulo não quis dizer que na obra redentora na cruz realizada por Cristo ainda falta alguma coisa para que nossos pecados fossem justificados e ele, Paulo, iria acrescentar algo para que essa obra fosse completa. Isto sim seria heresia. O sofrimento de Cristo como obra de justificação de nossos pecados e redenção do homem é completa.
O que Paulo quis dizer deve ser a mesma coisa que nós deveríamos dizer hoje: “com a ajuda de Deus vou completar o que falta das aflições de Cristo na minha casa, no meu trabalho, na minha escola, para as pessoas que ainda não conhecem o evangelho.”. Isso quer dizer que nós não acrescentamos valor de compensação da morte de Cristo, mas que acrescentamos aos nossos próprios corpos a extensão do sofrimento daqueles por quem Ele morreu.
Filipenses 2.30:
“Porque ele quase morreu por amor à causa de Cristo, arriscando a vida para suprir a ajuda que vocês não me podiam dar.”
Relação do sofrimento de Cristo em favor da igreja (Cl 1.24) e o sofrimento de Epafrodito em favor de Paulo (Fp 2.30). A igreja em Filipos tinha algo a oferecer a Paulo, uma oferta de amor sacrificial. Só que faltava eles oferecerem esse presente pessoalmente, por que isso era impossível. Então Epafrodito vai e se apresenta a Paulo como o supridor dessa falta pelo filipenses.
Quando Paulo diz: “Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo”, ele quer dizer: Cristo morreu pela humanidade, morreu pelas pessoas da nossa família, do nosso trabalho, da nossa escola, universidade. O débito do homem para com Deus foi pago através do sofrimento e morte de Cristo. Pessoas não alcançadas receberam o pagamento da sua dívida através de Jesus. O problema é que elas não sabem. Não podem provar. Não podem experimentar o que é viver com Deus.
Está faltando algo neste sofrimento.
Você pode dizer “mas é óbvio que o Evangelho tem que ser difundido”, mas não era isso que Paulo queria dizer, mas sim é através do nosso corpo e do nosso sofrimento que os sofrimentos de Cristo chegam as pessoas não alcançadas.
Pensem em como começou o Cristianismo começou e chegou até nós. Pensem em quanto sangue foi derramado, em quantas noites foram passadas em claro, em quantas dores foram sentidas nos corpos das pessoas que entregaram a sua vida por amor ao sofrimento de Cristo. Tudo isso para que a mensagem de amor e sofrimento de Cristo pudesse ser passada para cada pessoa.
Um grande homem de Deus disse: “A cruz de Cristo serviu para a reconciliação. A nossa cruz é para propagação.”